31 de março de 2013

Fever






Gárgula.
Por dentro a chuva que a incha, por fora a pedra misteriosa
que a mantém suspensa.
E a boca demoníaca do prodígio despeja-se
no caos.
Esse animal erguido ao trono de uma estrela,
que se debruça para onde
escureço. Pelos flancos construo
a criatura. Onde corre o arrepio, das espáduas
para o fundo, com força atenta. Construo
aquela massa de tetas
e unhas, pela espinha, rosas abertas das guelras,
umbigo,
mandíbulas. Até ao centro da sua
árdua talha de estrela.
Seu buraco de água na minha boca.
E construindo falo.
Sou lírico, medonho.
Consagro-a no banho baptismal de um poema.
Inauguro.
Fora e dentro inauguro o nome de que morro.

Herberto Helder




20 de março de 2013

It's Hard to be a Saint in the City






I had skin like leather and the diamond-hard look of a cobra
I was born blue and weathered but I burst just like a supernova
I could walk like Brando right into the sun
Then dance just like a Casanova
With my blackjack and jacket and hair slicked sweet
Silver star studs on my duds like a Harley in heat
When I strut down the street I could hear its heartbeat
The sisters fell back and said "Don't that man look pretty"
The cripple on the corner cried out "Nickels for your pity"
Them gasoline boys downtown sure talk gritty
It's so hard to be a saint in the city

(...)

And them South Side sisters sure look pretty
The cripple on the corner cries out "Nickels for your pity"
And them downtown boys sure talk gritty
It's so hard to be a saint in the city





19 de março de 2013

It’s easier now



(...)
¿e se me tocam na boca?
de noite, a mexer na seda para, desdobrando-se,
a noite extraterrestre bruxulear um pouco,
o último,
assim como que húmido, animal, intuitivo, de origem,
papel de seda que a rútila força lírica rompa,
um arrepio dentro dele,
batido, pode ser, no sombrio, como se a vara enflorasse com as faúlhas,
(...)