Se ao menos fizesse sentido
dançar-te até que os sapatos fujam dos pés e se 1+1+1+1 pudesse fazer esquecer
o vazio ao voltar a casa.
gostava de poder não saber, mas o crime é ser bela, etérea, efémera mas tão
carnal. uma triste sílfide num baile de máscaras com pose de cavalo onde o amor não passa de uma protse, de um faqueiro incompleto, de um fundo falso, um olhar sádico, o mundo ao contrário,
o sangue a explodir...
talvez reinventar a nudez arrume a casa e as pessoas da nossa vida.
contrariamente ao contrário ninguém lhe dá o seu próprio prazer.
agora a dor da paixão... da tesão... de um não... da
solidão... está demasiado tensa, fechada no quarto das visitas, dentro do armário da cinderela como uma natureza morta.
e o amor é uma casa em construção que, mesmo na primavera, quando o vazio e
o silêncio pesa, as flores voltam a nascer.
ai! se as couves, os grelos e outros vegetais soubessem que quanto mais me tento esconder mais visível me torno, mas é tão fascinante a mentira quanto a verdade que contém.
como se o país das maravilhas fosse uma
natureza forçada. e a rotina diária uma espécie de horizontalidade
em vertigem, uma queda em suspensão...
Olga Roriz