Já tinha lido a notícia na internet que ele tinha morrido, depois, no carro ouvi uma entrevista que tinha dado há algum tempo na Radar, no "Fala com ela". Um sujeito acessível, com sentido de humor, que achava o disco dos Beatles fenomenal, senão me escapa a expressão.
De qualquer forma, o que realmente me deixou a pensar, foi a velha história de deixar para amanhã. Claro que já tinha ouvido falar dele, apesar de inicialmente, pensasse que fosse um fulano estrangeiro, graças ao peculiar nome, de sua graça, aos poucos fui-me apercebendo que era português, e, muito bom, por sinal. Ouvi alguns excertos, mas sempre adiei, um dia desses oiço um álbum completo, com calma, para apreciar bem, ele assim o merece, recomendaram-me, dizia a mim própria.
Prioridades, e fui adiando.
Também não tenho vida para ouvir música o dia todo, aliás, hoje em dia não tenho muito tempo para ouvir música, penso que se reflecte. Em mim.
Adiei, adiei e hoje ele morreu, morte estúpida e prematura, como é premissa dos grandes.
Eu sem nunca o ter ouvido, ouvir com letra grande, demoradamente. Gulosamente.
Ele escolheu" Blackbird" dos Beatles, no "Fala com ela".
Bernardo Sassetti