(...)Sonhávamos alto: não será a alma apenas o supremo resultado do corpo, frágil manifestação da dor e do prazer de existir? é, pelo contrário, mais antiga que este corpo modelado À sua imagem, e que, melhor ou pior, lhe serve momentaneamente de instrumento? é possível chamá-la ao interior da carne, restabelecer entre elas esta união estreita, esta combustão a que chamamos vida? se as almas possuem a sua identidade própria, podem elas tocar-se, ir de uma para outra como um bocado de fruto, o gole de vinho que dois amantes passam um ao outro num beijo? (...)
Memórias de Adriano - Marguerite Yourcenar
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