26 de fevereiro de 2009

Another Day




Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!



                                                               José Régio






24 de fevereiro de 2009

Bengali Song





A solidão era eterna
e o silêncio inacabável.
Detive-me com uma árvore
e ouvi falar as árvores.

                                          Juan Ramón Jiménez


22 de fevereiro de 2009

Mediadora da palavra




Onde não começa o sopro
no côncavo da língua muda
o peso da sombra entre ruínas,
falha que nunca coincide.
Silêncio do incontível,
como recusar a veemência
desta cegueira?
Antes da fuga
Das formas, no sem fundo
Inabitável. Artérias vivas,
estrelas, relâmpagos,
jorrarão da obscuridade vermelha?
E as palavras serão o espaço
Do grito, o espaço de nada, o espaço
do espaço,
a obscura dor da terra?


                                                     António Ramos Rosa


 


19 de fevereiro de 2009

Paper Aeroplane


Got to say mmm mmm mmm

I spilled the ink across the land
Trying to spell your name UP and down there it goes
Paper Aeroplane
It hasnt flown the seven seas to you
 But its on its way
It goes through the hands
Then to someone else
To find you girl



18 de fevereiro de 2009

Bella



Won't you come on home
I built us a flying machine
And well go where you want well sail the seven seas
I hope all is well in Daisy's dreams

 
 

13 de fevereiro de 2009

Yawny at the Apocalypse

 
 
Paraíso
 
Deixa ficar comigo a madrugada,
 para que a luz do Sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.
 
Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!~
 
Depois, podes partir.
 
Só te aconselho que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito...
Podes partir.
 
De nada mais preciso para a minha ilusão do Paraíso.
 
                                                                         David Mourão-Ferreira
 
 
 
 
 
 
 
 
 

10 de fevereiro de 2009

Plasticities



This isn't your song, this isn't your music.


9 de fevereiro de 2009

The Animals Were Gone






We could make babies and accidental songs







Estou vivo e escrevo sol

                                                                             
                                                                            (Luis Rodrigues)

Estou vivo e escrevo sol

Eu escrevo versos ao meio-dia
e a morte ao sol é uma cabeleira
que passa em fios frescos sobre a minha cara de vivo
Estou vivo e escrevo sol

Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita
no acto de escrever e sol

A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objectos atiram suas faces
e na minha língua o sol trepida

Melhor que beber vinho é mais claro
ser no olhar o próprio olhar
a maraviha é este espaço aberto
a rua
um grito
a grande toalha do silêncio verde

                                                                           António Ramos Rosa





5 de fevereiro de 2009

Flume

São tantos
os silêncios da fala

De sede
De saliva
De suor
Silêncios de silex
no corpo do silêncio
Silêncios de vento
de mar
e de torpor
De amor

Depois, há as jarras
com rosas de silêncio
Os gemidos
nas camas
As ancas
O sabor

O silêncio que posto
em cima do silêncio
usurpa do silêncio o seu magro labor.
                                                                                    Maria Teresa Horta