31 de dezembro de 2010

Allegretto




Por que me falas nesse idioma? perguntei-lhe, sonhando. Em qualquer língua se entende essa palavra. Sem qualquer língua. O sangue sabe-o. Uma inteligência esparsa aprende esse convite inadiável. Búzios somos, moendo a vida inteira essa música incessante. Morte, morte. Levamos toda a vida morrendo em surdina. No trabalho, no amor, acordados, em sonho. A vida é a vigilância da morte, até que o seu fogo veemente nos consuma sem a consumir.


Cecília Meireles




2 comentários:

rosa disse...

O sangue sabe-o.

Um ano incandescente.

Nuno disse...

incandescência e

deflagração

http://www.youtube.com/watch?v=HmL1trY3A6M

sanguíneo