25 de dezembro de 2008

Daylight and the Sun


Reflorir, sempre


Não é já de Natal esta poesia.
E, se a teus pés deponho algo que encerra
e não algo que cria,
é porque em ti confio: como a terra,
por sobre ti os anos passarão,
a mesma serás sempre, e o coração,
como esse interior da terra nunca visto,
a primavera eterna de que existo,
o reflorir de sempre, o dia a dia,
o novo tempo e os outros que hão-de vir.
                                                                Jorge de Sena


 


 

14 de dezembro de 2008

9 de dezembro de 2008

Confidencial



Se ao menos fizesse sentido dançar-te até que os sapatos fujam dos pés e se 1+1+1+1 pudesse fazer esquecer o vazio ao voltar a casa.
gostava de poder não saber, mas o crime é ser bela, etérea, efémera mas tão carnal. uma triste sílfide num baile de máscaras com pose de cavalo onde o amor não passa de uma protse, de um faqueiro incompleto, de um fundo falso, um olhar sádico, o mundo ao contrário, o sangue a explodir...
talvez reinventar a nudez arrume a casa e as pessoas da nossa vida.
contrariamente ao contrário ninguém lhe dá o seu próprio prazer.
agora a dor da paixão... da tesão... de um não... da solidão... está demasiado tensa, fechada no quarto das visitas, dentro do armário da cinderela como uma natureza morta.
e o amor é uma casa em construção que, mesmo na primavera, quando o vazio e o silêncio pesa, as flores voltam a nascer.
ai! se as couves, os grelos e outros vegetais soubessem que quanto mais me tento esconder mais visível me torno, mas é tão fascinante a mentira quanto a verdade que contém.
como se o país das maravilhas fosse uma natureza forçada. e a rotina diária uma espécie de horizontalidade em vertigem, uma queda em suspensão...

Olga Roriz





4 de dezembro de 2008

Involuntary


And when the phone has lost it's bell
And the doorbell has lost it's sound
You're only hearing your heart pound
It's involuntary






3 de dezembro de 2008

Shadow Magnet



A minha cabeça dispara.
Vontades.
Tenho que refrear. Refrear sempre.
Não sentir.






29 de novembro de 2008

While You were Sleeping


And it’ll haunt you
My honey bee,
Anyone who’s anyone
Has that same dream.
Were you falling,
Were you flying,
Were you calling out
Or were you dying?
But thank god you’re up now,
Let’s stay this way,
Else there’ll be no mornings
And no more days.
‘Cause when we’re dreaming
The babies grow,
The stars shine
And the shadows flow.
Time flies,
The phone rings,
There is a silence
When everbody tries to sing.
Uh oh,
Uh oh
Uh oh
Uh oh
Uh oh…..


 

50,000 volts of electricity (unplugged)

25 de novembro de 2008

Helen





I just heard the news,
a new one is on your line.
I just heard the news,
it's taking all my time.

What will you do
when I'm fine?
What will I write
when I'm fine?

I just heard the news,
a new one is on your line.
Legs they're wrapped around,
a victim by surprise.

What will you do
when I'm fine?
What will I write
when I'm fine.

Helen, if you called my name you know I'd go.
In much the same way the sun steals the snow.
I've been burned by the heat two bodies make.
A little bird told me that your type is too ripe to take.







24 de novembro de 2008

Serenade


Serenata

Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.

Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.

Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.

                                     Cecília Meireles




Bem-me-quer-Mal-me-quer



A luta sublime – touché direito ao coração, direito ao pé esquerdo.
                                                                                           O.R.





22 de novembro de 2008

Cello Song


Strange face
With your eyes
So pale and sincere
Underneath you know well
You have nothing to fear
For the dreams that came
To you when so young
Told of a life
Where spring is sprung
You would seem so frail
In the cold of the night
When the armies of emotion
Go out to fight
But while the earth
Sinks to it’s grave
You sail to the sky
On the crest of a wave








 

18 de novembro de 2008

apetece-me

PALAVRÃO.

APATIAS

submergem- me.

VONTADES

demasiadas.

REALIDADE

não gosto.

PALAVRÕES

sei-os todos.

15 de novembro de 2008

Joseph



They want to see me cry
I would rather fly
I'm swimming in my grease
Angel, touch my face

She leads me by my hand
To castles in the sand
Suffocating from concrete
She I like to meet

I have to leave to look
I had to take a took (?)
I have to feel alone
I have to change my tone

I begin to wash my sins
I'm tryin' (?), my life begins


I sit up, I stand down
I sit up, I spin around






6 de novembro de 2008

World Citizen (I Won't be Disappointed)



I want to feel
Until my heart can take no more
And there's nothing in this world I wouldn't give

I want to break
The indifference of the days
I want a conscience that will keep me wide awake

I won't be disappointed
I won't be disappointed
I won't be.



Palabra o Sonido



" Mi abuela tenía una teoría muy interesante, decía que si bien todos nacemos con una caja de cerillas en nuestro interior, no las podemos encender solos, necesitamos oxígeno y la ayuda de una vela. Sólo que en este caso el oxígeno tiene que provenir, por ejemplo, del aliento de la persona amada; la vela puede ser cualquier tipo de alimento, música, caricia, palabra o sonido que haga disparar el detonador y así encender una de las cerillas. Por un momento, nos sentiremos deslumbrados por una intensa emoción. "

Laura Esquivel

Tu Me Acostumbraste

Para Que Regreses


29 de outubro de 2008

Below It



eu?

eu não tenho rios a crescerem-me nos braços.

não tenho açucenas nos dedos.

eu?

tenho um vento a calar-me.

na garganta.



26 de outubro de 2008

Creature Fear



é o teu olhar e o que imagino dele, é solidão e arrependimento,
não são bibliotecas a arder de versos contados porque isso são
bibliotecas a arder de versos contados e não é o poema, não é a
raiz de uma palavra que julgamos conhecer porque só podemos
conhecer o que possuímos e não possuímos nada, não é um
torrão de terra a cantar hinos e a estender muralhas entre
os versos e o mundo, o poema não é a palavra poema
porque a palavra poema é uma palavra, o poema é a
carne salgada por dentro
, é um olhar perdido na noite sobre
os telhados na hora em que todos dormem, é a última
lembrança de um afogado, é um pesadelo, uma angústia, esperança.
o poema não tem estrófes, tem corpo, o poema não tem versos,
tem sangue, o poema não se escreve com letras, escreve-se
com grãos de areia e beijos
, pétalas e momentos, gritos e
incertezas, a letra p não é a primeira letra da palavra poema,
a palavra poema existe para não ser escrita como eu existo
para não ser escrito, para não ser entendido, nem sequer por
mim próprio, ainda que o meu sentido esteja em todos os lugares
onde sou, o poema sou eu, as minhas mãos nos teus cabelos,
o poema é o meu rosto, que não vejo, e que existe porque me
olhas
, o poema é o teu rosto, eu, eu não sei escrever a
palavra poema, eu, eu só sei escrever o seu sentido.

José Luís Peixoto

21 de outubro de 2008

I Know Thats Not Really You



All your hopeless words
They drag you around like the frost
Down to all the bridges and bibles you burned
Down the roads where you were always lost

I know that’s not really you

Your magic power is to disappear
That’s all you left me in your will
It’s the only blessing you don’t fear
The only prayer God is sure to fill

I know that’s not really you

The fistfuls of ashes you use
To Halloween your true face
Remember it - it’s the one you never use
The one where the poison in your heart has no place

I know that’s not really you

The people you know are proud to be cruel
Prisoners to the harm that they always do
They laugh at you
They laugh at you
Until you stop loving

20 de outubro de 2008

Shake That Devil - Antony & the Johnsons



(...)Sonhávamos alto: não será a alma apenas o supremo resultado do corpo, frágil manifestação da dor e do prazer de existir? é, pelo contrário, mais antiga que este corpo modelado À sua imagem, e que, melhor ou pior, lhe serve momentaneamente de instrumento? é possível chamá-la ao interior da carne, restabelecer entre elas esta união estreita, esta combustão a que chamamos vida? se as almas possuem a sua identidade própria, podem elas tocar-se, ir de uma para outra como um bocado de fruto, o gole de vinho que dois amantes passam um ao outro num beijo? (...)

Memórias de Adriano - Marguerite Yourcenar

17 de outubro de 2008

o post que antevê o POST

Emoções ao rubro.
Nervoso miudinho.
Borboletas no estômago.



TUM TUMMM...

TUM TUMMM...

TUM TUMMM...

4 de outubro de 2008

Another World - Antony and the Johnsons



I need another place
Will there be peace
I need another world
This one's nearly gone

I'm gonna miss the birds
Singing all their songs
I'm gonna miss the wind
Been kissing me so long
Another world

The Rip



No silêncio da terra
No silêncio da terra.Onde ser é estar.
A sombra se inclina.
Habito dentro da grande pedra de água e sol.
Respiro sem o saber,respiro a terra.
Um intervalo de suavidade ardente e longa.
Sem adormecer no sono verde.
Afundo-me,sereno,
flor ou folha sobre folha abrindo-se,
respirando-me,flectindo-me
no intervalo aberto.Não sei se principio.
Um rosto se desfaz,um sabor ao fundo
da água ou da terra,
o fogo único consumindo em ar.
Eis o lugar em que o centro se abre
ou a lisa permanência clara,
abandono igual ao puro ombro
em que nada se diz
e no silêncio se une a boca ao espaço.
Pedra harmoniosa
do abrigo simples,
lúcido,unido,silencioso umbigo
do ar.

o teu corpo
renasce
à flor da terra.
Tudo principia.

António Ramos Rosa

That Leaving Feeling



Adeus
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava!
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os teus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os teus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...
já não se passa absolutamente nada.

E, no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos nada que dar.
Dentro de ti
Não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade

2 de outubro de 2008

.

Não haja dúvidas.
Tenho a alma partida.

15 de setembro de 2008

Skinny Love - Bon Iver



I told you to be patient
I told you to be fine
I told you to be balanced
I told you to be kind
Now all your love is wasted?

Then who the hell was I?
Now I'm breaking at the britches
And at the end of all your lines

Who will love you?
Who will fight?
Who will fall far behind?

6 de setembro de 2008

Lazy Weekend



I'm lazy when I'm lovin', I'm lazy when I play
I'm lazy with my girlfriend a thousand times a day
I'm lazy when I'm speaking, I'm lazy when I walk
I'm lazy when I'm dancin' and I'm lazy when I talk

I open up my mouth, air comes rushin' out
Nothin', doin' nadda, never, how you like me now?
Wouldn't it be mad, wouldn't it be fine
Lazy, lucky lady, dancin', lovin' all the time

I-I-I-I'm wicked and I'm lazy
Ooooh, don't you wanna save me

9 de agosto de 2008

Crazy In Love



Sonhos da Menina

A flor com que a menina sonha
está no sonho?
ou na fronha?

Sonho
risonho:

O vento sozinho
no seu carrinho.

De que tamanho
seria o rebanho?

A vizinha
apanha
a sombrinha
de teia de aranha . . .

Na lua há um ninho
de passarinho.

A lua com que a menina sonha
é o linho do sonho
ou a lua da fronha?

Cecília Meireles

Crazy In Love - Antony and the Johnsons

25 de julho de 2008

re: Stacks



Uma Paixão

Visita-me enquanto não envelheço
toma estas palavras cheias de medo e surpreende-me
com teu rosto de Modigliani suicidado

tenho uma varanda ampla cheia de malvas
e o marulhar das noites povoadas de peixes voadores
vem

ver-me antes que a bruma contamine os alicerces
as pedras nacaradas deste vulcão a lava do desejo
subindo à boca sulfurosa dos espelhos
vem

antes que desperte em mim o grito
de alguma terna Jeanne Hébuterne a paixão
derrama-se quando tua ausência se prende às veias
prontas a esvaziarem-se do rubro ouro
perco-te no sono das marítimas paisagens
estas feridas de barro e quartzo
os olhos escancarados para a infindável água
vem

com teu sabor de açúcar queimado em redor da noite
sonhar perto do coração que não sabe como tocar-te

Al Berto

In A Manner Of Speaking



Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade.
Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada,
Assim a mesma dita realidade existe, não o ser pensada.
Assim tudo o que existe, simplesmente existe.
O resto é uma espécie de sono que temos,
Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.

Alberto Caeiro

14 de julho de 2008

A Sunday Smile

Eu tenho paixão pela Música.

13 de julho de 2008

Puppy Toy - Tricky



Tricky:
Girl, you got a vicious tongue

Alex Mills:
You're talking to me

Tricky:
Yeah, I wish, wish you cough up along
Girl, you see I'm insecure

Alex Mills:
And you're an idiot

Tricky:
Look at me, I think you're pure
Girl, get your head right

Alex Mills:
There's nothing wrong with me, mate

Tricky:
You, yeah, you're getting right

Tricky & Alex Mills:
You stare, you stare and look confused
Your fruit is slightly bruised
You're aware, but don't like men, no
Your love, won't care again

3 de julho de 2008

House Of Cards



I don't want to be your friend
I just want to be your lover
No matter how it ends
No matter how it starts

Forget about your house of cards
And I'll deal mine
Forget about your house of cards
And I'll deal mine

Fall off the table,
Get swept under
Denial, denial

The infrastructure will collapse
Voltage spikes
Throw your keys in the bowl

Kiss your husband goodnight

24 de junho de 2008

Cherbourg



Sunday morning
only fog on the limbs
I called it again
what do you know
And I filled our days
with cards and gin
You're alight again, my dear

I will lead the way, oh, lead the way
When I know
And I'll sleep away, oh, sweep away
What I don't
Well sieze the way, oh, sieze the way
No, I won't
I will lead the way, oh, lead the day
When I know

16 de junho de 2008

The Wolves (Act I And II)







Someday my pain, someday my pain
Will mark you
Harness your blame, harness your blame
And walk through

With the wild wolves around you
In the morning, I'll call you
Send it farther on

Solace my game, solace my game
It stars you
Swing wide your crane, swing wide your crane
And run me through

And the story's all over you
In the morning I'll call you
Can't you find a clue when your eyes are all painted Sinatra blue

What might have been lost -
Don't bother me

1 de junho de 2008

A Message To You Rudy



Stop your messing around
Better think of your future
Time you straightened right out
Creating problems in town

28 de maio de 2008

Super Taranta! - Gogol Bordello



(...)
Deixai-me viver sem saber nada, e morrer sem ir saber nada!
A razão de haver ser, a razão de haver seres, de haver tudo,
Deve trazer uma loucura maior que os espaços
Entre as almas e entre as estrelas.
(...)
Alvaro de Campos




23 de maio de 2008

Collarbone - Fujiya & Miyagi



A palavra mágica
Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.

Carlos Drummond de Andrade

20 de maio de 2008

All The Love



all the love
all the love inside me
fell like the draught
in a petty ocean
had to stop
looked at my hands
and my fingertips
trembling at the thought of touching you

13 de maio de 2008

Tears Dry On Their Own



He walks away,
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown,
And it's OK,
In this blue shade,
My tears dry on their own,

So we are history,
YOUR shadow covers me
The sky above,
A blaze only that lovers see

7 de maio de 2008

Reckoner - Radiohead



Reckoner
You can't take it with you
Dancing for your pleasure

You are not to blame for
Bittersweet distractor
Dare not speak its name
Dedicated to all you
all human beings

Because we separate like
ripples on a blank shore
(in rainbows)
Because we separate like
ripples on a blank shore
(in rainbows)

Reckoner

Take me with you
Dedicated to all you
all human beings

Jigsaw Falling Into Place - Radiohead


(na foto Ana Lacerda)

Before you run away from me
Before you're lost between the notes
Before you take the mic
Just as you dance, dance, dance

1 de maio de 2008

Hand On Your Heart



Well it's one thing to fall in love
But another to make it last
I thought that we were just beginning
And now you say we're in the past
Look me in the eye
and tell me we are really through

You know it's one thing to say you love me
but another to mean it from the heart
And if you don't intend to see it through
why did we ever start?
I wanna hear you tell me
you don't want my love

Put your hand on your heart and tell me
it's all over
I won't believe it till you
put your hand on your heart and tell me
that we're through
Put your hand on your heart

They like to talk about for ever
Most people never get the chance
Do you wanna lose our love together
Do you find a new romance
I wanna hear you tell me
you don't want my love

Put your hand on your heart and tell me
it's all over
I won't believe it till you
put your hand on your heart and tell me
that we're through
Put your hand on your heart
hand on your heart

Look me in the eye
and tell me we are really through

25 de abril de 2008

Vampiros



A palavra

A palavra gatinha
Sem nada por cima
A palavra rompe
investe
perfura
Comprida a palavra perde-se
Em redor da mesa reveste-se organiza-se
A palavra precisa de ternura

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"Curioso é que nós passamos 40 ou 50 anos de uma vida a fazer determinadas coisas e um dia mais ou menos de repente, sem que renunciemos a nada do que fizemos, apercebemo-nos de que tudo deveria ter sido diferente.
É apenas uma vaga sensação que se instala, sem que saibamos defini-la muito bem.
No fundo sou muito mais contraditório e supersticioso do que quis admitir ao longo dos anos."

"Eu sempre disse que a música é comprometida quando o músico, como cidadão é um homem comprometido. Não é o produto saído desse cantor que define o compromisso mas o conjunto de circunstâncias que o envolve com o momento histórico e político que se vive e as pessoas com quem ele priva e com quem ele canta.

"Não me arrependo de nada do que fiz. Mais: eu sou aquilo que fiz. Embora com reservas acreditava o suficiente no que estava a fazer, e isso é o que fica. Quando as pessoas param há como que um pacto implícito com o inimigo, tanto no campo político como no campo estético e cultural. E, por vezes, o inimigo somos nós próprios, a nossa própria consciência e os alibis de que nos servimos para justificar a modorra e o abandono dos campos de luta."

" Admito que a revolução seja uma utopia, mas no meu dia a dia procuro comportar-me como se ela fosse tangível. Continuo a pensar que devemos lutar onde exista opressão, seja a que nível for."




22 de abril de 2008

Midnight Marauders - Joe Dukie & DJ Fitchie



(Oh! We are the midnight marauders,)

Work all day upto the night,
And find your way home,
'Night marauder you will never walk alone,
The time has come for us to leave the problems of the day,
And I would not waste a moment no way, no way!

Black is the color of my true love's hair





Black is the color of my true love's hair
His face so soft and wondrous fair
The purest eyes
and the strongest hands
I love the ground on where he stands
I love the ground on where he stands

19 de abril de 2008

Bibo no Aozora - Ryuichi Sakamoto



Não sei como dizer-te que minha voz te procura e a atenção começa a florir, quando sucede a noite esplêndida e vasta. Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos se enchem de um brilho precioso e estremeces como um pensamento chegado. Quando, iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado pelo pressentir de um tempo distante, e na terra crescida os homens entoam a vindima - eu não sei como dizer-te que cem ideias, dentro de mim te procuram.

Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
- E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.

Herberto Helder

Me gustas cuando callas - Adriana Varela



Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.

Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía.

Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
Déjame que me calle con el silencio tuyo.

Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

Pablo Neruda

10 de abril de 2008

Boobar - Tindersticks



(...)
Sei que os
campos imaginam as suas
própias rosas.
As pessoas imaginam seus próprios campos
de rosas. E às vezes estou na frente dos campos
como se morresse;
outras, como se agora somente
eu pudessse acordar.
Por vezes
tudo se ilumina.
Por vezes sangra e canta.
Eu digo que ninguém se perdoa no tempo.
Que a loucura tem espinhos como uma garganta.
Eu digo: roda ao longe o outono,
e o que é o outono?
As pálpebras
batem contra o grande dia masculino
do pensamento.
(...)

Herberto Helder

5 de abril de 2008

Honest Doubters - Horse Feathers



Bound in blue, they wind into a love some would say is grand in its making.
Worms may sing, that from beneath their graves, they're found embracing.
Some might say love without touching.
Bones may break, parts keep on bleeding.
God loves honest doubters.
Praying is always work.
The best things will happen to the worst.
Tuesday's lovers, Monday's mistakes.

24 de março de 2008

Sahara



(..)
Tenho que arrumar a mala de ser.
Tenho que existir a arrumar malas.
A cinza do cigarro cai sobre a camisa de cima do monte.
Olho para o lado, verifico que estou a dormir.
Sei só que tenho que arrumar a mala,
E que os desertos são grandes e tudo é deserto,
E qualquer parábola a respeito disto, mas dessa é que já me esqueci.

Ergo-me de repente todos os Césares.
Vou definitivamente arrumar a mala.
Arre, hei-de arrumá-la e fechá-la;
Hei-de vê-la levar de aqui,
Hei-de existir independentemente dela.

Grandes são os desertos e tudo é deserto.
Salvo erro, naturalmente.
Pobre da alma humana com oásis só no deserto ao lado!

Mais vale arrumar a mala.
Fim.

Alvaro de Campos

19 de março de 2008

Dustbowl - Horse Feathers





DUSTBOWL

Viscious are the mouthes she tastes.
Wicked are the vowes she breaks.

Leaving all her luck to haste.
Leaving all her luck to waste.

All these things in a box, where she goes she lays.
Leaving all these men tonight, leaving all these boys to fight.

Leaving all her luck to haste.
Leaving all her lust to waste.

All these things in a box, where she goes she stops.

Hell to all these moneymakers.
Lives they won't mistake.
Oh, you knew I loved to hate her.
Eyes that won't debate.



myspace

14 de março de 2008

Prayer



Yussef: I killed the American, I was the only one who shot at you. They did nothing... nothing. Kill me, but save my brother, he did nothing... nothing. Save my brother... he did nothing.



8 de março de 2008

Blue Angel



It's the memory of your warmth
That keeps me alive
When I'm burning
And my world's closing in

Oh I'm on fire
Oh I'm on fire

I hold on to a wheel of burning fear

Iguazu - Gustavo Santaolalla



(...)
.....um dia pressenti a música estelar das pedras
abandonei-me ao silencio.....
é lentíssimo este amor progredindo com o bater do coração
não, não preciso mais de mim
possuo a doença dos espaços incomensuráveis
e os secretos poços dos nómadas
(...)

Al Berto

5 de março de 2008

Until The Morning Comes



Wake me up ‘cause I’m dreaming
Well, they’ll never believe it
So hush now, my babe, please don’t cry
Everything’s gonna be alright
Hush now, darling, I can hear you’re screaming
Let me hold you until the morning comes

Until the morning comes

The light is fading
But the stars are dancing bright
My mind is racing like clouds across the sky
How did you make me go... this far?

1 de março de 2008

Pedro e Inês



"Leu-lhe a nudez da alma. Só o amor tem a limpidez das coisas nuas. Sentiu uma fatal absorção do seu ser no daquela mulher. Amou-a subitamente, com um amor intenso e absorvente, que lhe deu asas à alma e o levaria para além das incertezas de muitas ondas adversas de um mar imprevisto. O desejo queimou-lhe a boca húmida. Como se desde sempre nada quisesse dela e exigisse tudo."

de Luis Rosa

28 de fevereiro de 2008

22 de fevereiro de 2008

Killing For Love-José González



You've got a heart on fire,
it's bursting with desires.

You've got a heart filled with passion.
Will you let it burn for hate or compassion.

21 de fevereiro de 2008

Blind- Hercules and Love Affair featuring Antony



I wish the light could shine now
For it is closer
It is near
But it will not present my present
It makes my past and future painfully clear



The Dress

19 de fevereiro de 2008

Lille-Lisa Hannigan



devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

os assuntos que julgávamos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

por si só, o tempo não é nada.
e idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim.

José Luis Peixoto, in A casa, A Escuridão