12 de outubro de 2010

Why she swallows bullets and stones





(…)

a noite cai
semelhante a uma fadiga
que lhe baralhasse a memória;
um pouco de sangue
persiste do lado do poente.

repentinamente

ressoam tímbalos, como se a febre
os fizesse chocar
dentro do seu coração:
contra sua vontade,

um longo hábito levou-a de volta ao circo,
à hora onde todas as noites ela luta
contra o anjo da vertigem.

uma última vez
enche-se daquele cheiro de animal selvagem
que foi o da sua vida,
daquela música enorme e desafinada

como é a do amor.

(…)

Marguerite Yourcenar




7 comentários:

rosa disse...

Pas de deux.

p disse...

isto está brutal.

rosa disse...

não sei se é do amor, mas sei as lutas que "ela" trava.

sei que tu percebes, Plim-Plim.

imo disse...

magnífico.

imo disse...

que ventos te levaram, rosa?...

um gesto de saudade.

rosa disse...

Ando pouco musical.

Gosto que cá voltes.

:)


(Pensando bem, é exigir muito, dada a pasmaceira que por aqui imepera.)

imo disse...

o teu sítio é, para mim, de passagem obrigatória. sempre. apesar de nem sempre o assinalar.

continua(-nos).