12 de fevereiro de 2013

Taro




Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?

Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.

Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?

Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia
que nem dás por mim

Eugénio de Andrade




5 comentários:

Unknown disse...

gosto tanto tanto de ver que ainda estás aqui
:)
beijo

rosa disse...

Welcome back.
;)

imo disse...

belo texto.
bela música.
tudo.

:)

rosa disse...

Sabes que, quando me deste a conhecer a música, influenciada pelo video e por não perceber "puto" o que ele cantarolava, pensei que fosse uma banda africana. Os sons africanos, talvez pela minhas raízes, mexem comigo.

O texto do "Geninho" pareceu-me perfeito para esta música.

Ainda bem que gostaste.

imo disse...

:)

Sempre imaginei que tivesses boas raízes :)

Um beijinho.