Quero
escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.
Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.
Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.
Clarice Lispector
8 comentários:
belo. e o inspirador contrário: tempo em que a esperança de (na) vida é a morte.
uma vez imaginei a minha morte.
uma cena assim tipo a trepanaçaõ.
solidão. foi a ideia que ficou.
imaginar a própria morte?
trepanação craniana?
Black and decker?
explica lá isso melhor,
devagarinho...
ahhh isso agora.
é uma história muito longa.
um "fetish" que tenho, a trepanação.
uma procura de outro nivel de consciencia.
ás vezes quase consigo.
nesse dia consegui imaginar a minha morte. muito forte a sensação.
parvoíces.
Sim, sim,
Parvoíce e das fortes,
Desculpa lá dizê-lo.
Mas não é nada cool pensar na própria morte!
Se por um lado espero que já fosses velhinha nessa visão,
Por outro experimentar trepanações em idades avançadas pode mesmo ser fatal.
A trepanação não faz mais sentido do que o lsd,
Querer o difícil ou impossível através do imediatismo de um carregar de botão.
Talvez em sonhos...
uma procura de outro nivel de consciencia.
vale sempre a pena quando a ... quê?
...
sempre achei a broca demasiadamente introspectiva... só sob o efeito de sinestesia!!
noites brancas... das más (?!)
ai a sinestesia...
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